Lula e ministros criticam governador de Minas em assinatura de contrato da 'rodovia da morte'
Recentemente, Romeu Zema fez críticas ao governo após a versão final da lei que repactua o pagamento da dívida dos estados com a União. Além do presidente...
Recentemente, Romeu Zema fez críticas ao governo após a versão final da lei que repactua o pagamento da dívida dos estados com a União. Além do presidente, Renan Filho e Rui Costa comentaram posicionamento de Zema. Lula durante evento de assinatura da concessão da BR-381. Reprodução/ CanalGov Ministro dos Transportes, Renan Filho, durante evento de assinatura de concessão da BR-381. Reprodução/ CanalGov O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e os ministros dos Transportes, Renan Filho, e da Casa Civil, Rui Costa, criticaram o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, nesta quarta-feira (22) durante evento de assinatura da concessão da BR-381, que vai de Belo Horizonte a Governador Valadares, em Minas Gerais. Recentemente, Zema fez críticas ao governo após a versão final da lei que repactua o pagamento da dívida dos estados com a União. A crítica foi rebatida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que afirmou que o governador de Minas aumentou o próprio salário (veja mais abaixo). “Rodovia da morte”: trecho da BR-381 tem dois acidentes por dia "A palavra 'obrigado' é tão simples, mas para falar tem que ter grandeza. O governador de Minas Gerais deveria vir aqui e me trazer um prêmio, um troféu. Primeiro presidente da República que nunca vetou nada de nenhum governador por ser da oposição. O que nós fizemos pelos estados para pagar suas dívidas talvez só Jesus Cristo fizesse se concorresse à presidência", afirmou o presidente. Lula afirmou ainda que, embora Zema tenha feito uma crítica "profunda desnecessária", ele iria relevar o posicionamento do governador de Minas em função do momento (de assinatura da concessão). "Ao invés de agradecer que o presidente colocou as questões políticas de lado, colocou o povo de Minas Gerais como o maior interessado nesse acordo, o governador vai de forma ingrata agredir o presidente [Lula]", disse Rui Costa. "Vale colocar aqui que em 2024 fizemos quatro leilões para Minas Gerais, para mim uma pena que o governador de Minas não esteja aqui neste momento, porque nunca nenhum governo deu tanta atenção à Minas Gerais quanto o senhor [Lula] está dando agora", afirmou Renan Filho. "Vi governador de Minas Gerais cobrando investimentos, no governo passado e agora, mas não o vejo aqui neste momento. Parece que a cobrança é mais política e menos pela obra. Isso apequena o gestor público", prosseguiu o ministro ao comentar a ausência do governador no evento. Após o encerramento do evento, o ministro Renan Filho voltou a citar Zema em entrevista a jornalistas. Segundo ele, o governo enviou convite ao governador de Minas Gerias. "O Planalto enviou o convite [a Zema] com certeza. Acho que é papel dos governadores cobrar investimentos federais, mas acho que governadores também devem reconhecer quando os investimentos são feitos. É isso que falta em algumas figuras da política nacional, que são impetuosas na hora das críticas, mas não agradecem. Nenhum governador no exercício de seu mandato recebeu tantos contratos quanto Zema recebe agora", argumentou o ministro dos Transportes. Em resposta às criticas, Zema publicou um mensagem nesta tarde em uma rede social, onde afirmou que seu foco é "trabalhar e não perder tempo com eventos burocráticos." Lula assina contrato de concessão da BR-381. Reprodução/ CanalGov 'Rodovia da morte' Conhecida como "rodovia da morte" por ser muito sinuosa com pistas simples e de baixa manutenção, o trecho também apresenta outros problemas estruturais como pouca iluminação e sinalização. Apenas nas primeiras horas desta quarta (22), três pessoas morreram numa batida entre caminhonete e carreta na BR-381. A rodovia apresenta intenso fluxo de caminhões e outros veículos. A via é muito utilizada no Brasil para escoamento de produtos industriais, já que atravessa o chamado Vale do Aço e também interliga os estados de Minas Gerais, São Paulo e o Espírito Santo. Lula sanciona alívio na dívida dos estados com aval a federalização de estatais Zema X Haddad Haddad usou as redes sociais nesta quinta (16) para rebater críticas do governador de Minas Gerais à lei que repactua a dívida dos estados. O texto foi aprovado pelo Congresso com medidas para refinanciar essas dívidas a juros mais baixos – mas, ao sancionar, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou algumas das medidas que beneficiavam os governos locais. Os vetos ainda serão analisados pelo Congresso e podem ser derrubados. Enquanto isso, esses vetos vêm sendo criticados por governadores de oposição a Lula como Zema, Cláudio Castro (RJ) e Eduardo Leite (RS). "O governador de Minas Gerais Romeu Zema usou esta rede para atacar o governo federal, mas, como é de praxe no bolsonarismo, esconde a verdade. Primeiro: esqueceu de mencionar que se reuniu comigo e apresentou uma proposta para a renegociação das dívidas bem menor que a aprovada e sancionada agora", escreveu Haddad na ocasião. Haddad também citou, ao rebater Zema, a decisão do governador mineiro de elevar os salários do Executivo estadual, incluindo o seu próprio, em 300%. "O governador também parece ter se esquecido de outra informação: o veto citado por ele simplesmente pedia que a União pagasse dívidas dos estados com bancos privados. Em terceiro lugar, ele critica privilégios enquanto sancionou o aumento do próprio salário em 298%, durante a vigência do Regime de recuperação fiscal, inclusive", prosseguiu. Na terça (14), o governador de Minas afirmou que o governo federal quer os “estados paguem a conta de sua gastança”. “Com vetos ao Propag [Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados], o presidente Lula quer obrigar os mineiros a repassar R$ 5 bilhões a mais em 25/26, apesar do recorde de arrecadação federal: R$ 2,4 trilhões em 2024. É dinheiro pra sustentar privilégios e mordomias”, declarou. Declarou, ainda, que enquanto os estados lutam para equilibrar contas, o “Planalto mantém 39 ministérios, viagens faraônicas, gastos supérfluos no Alvorada e um cartão corporativo sem transparência”. “Até quando o contribuinte vai bancar essa desordem”, questionou.